Ao ver o Indianapolis Colts deste ano o leitor que conheceu a NFL esse ano, pensa: “Que time horroroso!”.
Ele não deixa de ter certa razão, porque perder 11 jogos em 11 disputados é realmente digno de um time ruim. O problema é: Peyton Manning, tema da [BIO] de hoje.
Peyton Williams Manning, nasceu no dia 24 de março de 1976, filho do casal Archie e Olívia Manning. Archie, aliás, fora jogador de futebol americano na mesma posição que o Peyton, QB, e atuou pelo New Orleans Saints durante 10 anos de sua carreira. Também jogou pelo Houston Oilers (atual Tennessee Titans) e Minnesota Vikings. Peyton é o segundo dos três filhos do casal. O mais velho, Cooper Manning atuou como Wide Receiver pela University of Mississippi, a Ole Miss. Porém, um problema na espinha dorsal do atleta o forçou a se retirar das atividades de jogador. O mais novo é Eli Manning, que hoje é QB do NY Giants. A família Manning está estritamente ligada ao futebol americano. Com Peyton, essa relação não poderia ser diferente.
E não foi. Desde pequeno, Peyton já sabia que iria jogar futebol americano. Na Isidore Newman High School, escola onde estudara, Manning liderou a equipe do colégio a 34 vitórias e cinco derrotas durante três anos de Little League (nome dado à liga de futebol americano escolar).
Após se formar na escola, em 1994, após uma grande expectativa de que ele seguisse os passos de seu pai e fosse para Mississippi, Peyton frustrou a população do estado e entrou na Universidade de Tennessee. Lá, atuou por quatro anos, defendendo os Volunteers. Seus números foram impressionantes: 11,201 jardas e 89 touchdowns, além de 38 vitórias em 45 jogos disputados. Em 1997, seu último ano no college, recebeu uma indicação ao Heinsman Trophy, mas ficou em segundo, atrás de Charles Woodson.
Porém, no Draft de 1998, não teve erro: Manning foi 1st pick ("vencendo" Ryan Leaf, o bust épico) e os Colts tinham nele a esperança de levar a franquia às glórias. Aliás, naquele Draft, grandes jogadores foram escolhidos, como Randy Moss e Charles Woodson.
Em sua primeira temporada na NFL Manning não decepcionou. Passou para 3.739 jardas, 26 TD’s e quebrou cinco recordes diferentes de calouros naquele ano. Seu cartão de visitas estava dado.
Após um início promissor na liga, Manning só melhorou. Na temporada seguinte, lançou para 4.000 jardas e liderou os Colts para os playoffs. Porém, na pós-temporada, os Potros não passaram do primeiro jogo e caíram pros Titans – que foram ao Super Bowl e acabaram derrotados pelos Rams – pelo placar de 19x16. Manning não passou para nenhum TD naquele jogo. Mesmo assim, foi ao Pro Bowl e nomeado para a seleção do ano.
Após temporadas regulares em 2000, 2001 e 2002, em 2003 Manning jogou o fino da bola. Teve seu terceiro jogo perfeito de sua carreira (total de 4) contra os Saints de seu pai numa vitória de 55 x 21. Nos playoffs, Manning obteve sua primeira vitória na pós-temporada contra os Broncos, 41 x 10. Após vencerem os Chiefs, chegaram na final da AFC e enfrentaram os Patriots de Tom Brady em Foxboro. Os patriotas tornar-se-iam campeões naquele ano. Porém, naquele jogo, Manning teve o pior rating de sua carreira – 35,5 de 158,3 possíveis – com quatro interceptações. Resultado final – derrota por 24 x 14 e sonho adiado. Mesmo assim, Manning foi eleito o MVP da temporada, junto com Steve McNair, QB dos Titans.
E em 2004, repetiu a dose. Em mais uma grande temporada, Peyton Manning foi eleito MVP e chegou mais um vez a final da conferência americana, e mais uma vez caiu diante dos Patriots: 20 x 3 para Tom Brady e cia. Era mais uma derrota em jogos decisivos, e Manning já ficava sendo taxado de “amarelão” pela imprensa americana.
Após uma temporada de 2005 onde mais uma vez os Colts fracassaram nos playoffs, em 2006 a redenção chegou. Depois de 9 jogos consecutivos com vitória em duas temporadas seguidas (um recorde), os Colts terminaram a temporada com 12 vitórias e 4 derrotas. Nos playoffs, vitórias sobre Chiefs e Ravens. E na final da AFC, mais uma vez estavam os Patriots, desta vez sendo recepcionado no RCA Dome, antiga casa de Indianapolis. Será que Manning iria “amarelar” novamente? Essa era a grande dúvida. Porém, após estarem perdendo de 21 x 3 no último período, Manning liderou o maior comeback da história da final da AFC, e os Colts venceram por 38 x 34 num dos maiores jogos da história, que terminou em interceptação. No Super Bowl, em Miami, venceram os Bears por 29 x 17 e Manning foi eleito o MVP daquele jogo. Era a vingança pessoal de Manning contra todos aqueles que o nomearam injustamente amarelão. Era o anel que os Colts e Manning precisavam.
Aí veio 2007. Colts mais uma vez começaram bem, e mais uma vez caíram nos playoffs, dessa vez para os Chargers, num drop épico de Dallas Clark. Em 2008, Manning foi eleito MVP pela terceira vez e em 2009, pela quarta - ano no qual os Colts ruiram numa interceptação para o Saints de Archie no Super Bowl, também em Miami. 2010 chegou e os Colts caíram mais uma vez nos playoffs, só que para os Jets do kicker Nick Folk, que selou a vitória dos jatos com um field goal decisivo.
Em 2011, os Colts viram a ascensão dos Texans, que prometeriam fazer briga dura com o time de Manning ela AFC South. Porém uma lesão no pescoço tirou Manning desta temporada e colocou Curtis Painter como QB inicial. Assim começou o martírio da terra das 500 milhas da Formula Indy.
Não torço para o Colts - isso já é notório. Tampouco os odeio. Mas tenho de confessar que amo Manning. Sou, sim, viúva de seu bom futebol americano. A temporada neste ano fica tão vazia quanto ficou sem Brady em 2008-2009. Falta aqueles audibles, falta aquele mistério de saber se Manning levará a equipe ao Super Bowl ou não. Manning é, sem dúvida, a definição de quarterback. Se voltar a jogar - e jogando bem - em 2012, o camisa 18 do Colts vem para quebrar records. Se quebrará records do vovô Favre, só Deus sabe. O que fica imortalizado é que a inteligência aliada ao treino resulta no quarteback perfeito - ao menos em temporada regular, e isso você, leitor, seja lover ou hater, não pode nunca negar.
Este é Peyton Williams Manning. Talentoso? Muito, Inteligente? Também, Lê as defesas adversárias como poucos. Mas, inegavelmente, cai de produção nos jogos decisivos. Questionar seu talento com base somente disso, entretanto, acaba por ser uma heresia. E anel por anel, Dan Marino não tem um e ainda sim é um dos gênios do esporte.
PS: Ao fã do New England Patriots: Não esquecemos de vocês. Semana que vem tem [BIO] Tom Brady. Aguardem.
The Concussion é um site e blog de Futebol Americano que
abrange desde a cobertura da temporada da NCAA e da NFL
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