>> Por Guilherme Beltrão, em seu último texto como Concussian.
Nota do Editor: Segue, abaixo, o último texto do Guilherme, anteriormente referido como GB, até ele ter decidido sair ontem do nosso quadro de escritores. Com certeza fará muita falta! Aquele Abraço, amigo!
>>Leitor, você já sentiu frio. Isso é fato. Mas eu aposto que a temperatura que você pegou e julgou “fria” não chega nem perto da registrada na partida entre Dallas Cowboys e Green Bay Packers, em 1967, pela final da NFL (que tornar-se-ia NFC anos depois), no ano do Super Bowl II.
E quando eu digo frio, é bem frio mesmo. Os termômetros no Lambeau Field, palco da decisão, registraram a incrível marca de –26 graus Celsius. Uma temperatura atípica até para o Estado de Wisconsin. Mas espera, tem mais: com o vento a sensação térmica era de nada mais nada menos que – 44 graus Celsius. Calma, só piora: Os árbitros tiveram que gritar ao invés de usar os apitos de metal, pois havia o risco deles grudarem na boca das zebras. É marcante também o modo pelo qual John Facenda, clássico narrador da NFL Films, refere-se ao campo: The Frozen Tundra (algo como a tundra congelada, sendo que a tundra é a vegetação de regiões extremamente frias).
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| Note na respiração dos jogadores |
O confronto envolvia o campeão da Capitol Division – o formato da NFL naquela época era diferente dos dias de hoje - Dallas Cowboys do técnico lendário, que hoje figura no Hall da Fama, Tom Landry, versus os Packers, campeão da Central Division. E no comando dos Packers, o lendário e também hall of famer Vince Lombardi, simplesmente a pessoa que dá nome ao troféu de campeão do Super Bowl hoje em dia. Era a reedição da final da NFL de 1966, na qual deu Packers pelo placar de 34 x 27 para os cabeças de queijo.
Sem mais delongas, vamos ao jogo.
Os Packers abriram um placar num drive que durou 9 minutos e 83 jardas, juntando duas faltas dos Cowboys e um passe de 17 jardas, em 16 jogadas os “cheeseheads” estavam perto de marcar. E marcaram. Bart Starr, QB dos Packers, achou Boyd Doyler na endzone, num passe de 8 jardas.7x0.
Rapidamente a defesa de Green Bay forçou um punt, e com a bola novamente, marchou até a endzone de Dallas, com um passe de 46 jardas de Starr para Dowler de novo. 14 x 0 e o Lambeau Field ia abaixo.
E os Packers não pararam por aí. Na segunda posse de bola de Dallas, o QB dos Cowboys, Don Meredith foi interceptado pelo defensive back Herb Adderly, colocando os Packers na linha de 32 jardas do campo de ataque, o que daria aos empacotadores no mínimo a condição de chutar um Field Goal. Porém, após uma corrida para nenhum ganho e um passe incompleto, o linebacker George Andrie consegue um sack em Starr e conseqüentemente uma perda de 10 jardas, que tira a chance de chutar um field goal pela distância até o “Y” (que naquela época ficava no meio da endzone).
No segundo quarto, incrivelmente, o ataque dos Cowboys não conseguiu nenhum first down. E mesmo assim, conseguiu anotar 10 pontos e encostar no placar. Tudo isso graças a dois turnovers do ataque de Green Bay. Resultado até aquele momento era de 14x10.
Após um terceiro quarto sem pontuação por parte das duas equipes, o quarto período foi inaugurado com um passe de 50 jardas do RB dos Cowboys Dan Reeves (isso mesmo, RB) - na jogada conhecida como “halfback option”, onde o RB tem a opção de correr ou lançar a bola antes de passar pela linha de scrimage – para o WR Lance Rentzel, e Dallas virava o jogo. 17x14.
Após algumas campanhas sem sucesso, uma falta contra os Cowboys poderia ter resultado num field goal que empataria o confronto. Mas o kicker Don Chandler errou e os Cowboys seguiam vencendo a final.
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| O bloqueio fulminante. |
Após o extra-point ficou 21 x 17 Packers. Os empacotadores voltariam mais uma vez ao Super Bowl - e o venceriam novamente.
The Concussion é um site e blog de Futebol Americano que
abrange desde a cobertura da temporada da NCAA e da NFL
até curiosidades históricas das mesmas.

