>> Por AC, Diretor do The Concussion
The Concussion mais uma vez tenta ir aos meandros do Futebol Americano brasileiro. Agradecemos novamente ao Guarulhos Rhynos Futebol Americano e a seu coach, Lucas RO7, pela gentileza de ceder seu tempo a nós.
Nesta edição de [ENTREVISTA] vamos ver como as categorias de base se desenvolvem no Brasil. Como descobrem o esporte, onde começam a jogar, quem os ensina a jogar. Mister, quais os rumos que a próxima geração de adultos dará ao nosso querido Futebol Americano.
O entrevistado de hoje é Catullo Góes, quarterback da equipe sub-19 da Seleção Paulista de FA e do Guarulhos Rhynos Adulto. Catullo jogou boa parte de sua "carreira" no Flag Football (que é ainda é o responsável pela formação dos atletas no Estado de São Paulo), mas hoje já treina o FA como conhecemos: com o bom e o belo tackle.
TC: Catullo, desde quando você conhece o FA?
Catullo: Mais ou menos desde 2006, naquela temporada que o Colts ganhou do Bears, do Super Bowl do retorno do Hester e tal.. Lembro-me que acho que o primeiro jogo que eu vi de verdade foi Pats e Colts nos playoffs - AFC Championship Game.
TC: E aí decidiu jogar futebol americano, assim, do nada?
Catullo: Na verdade a vontade mesmo veio depois de comprar o Madden, que foi quando eu entendi mesmo o jogo. A princípio eu só queria aprender a lançar a bola direito - depois que virou a febre (risos).
TC: E quanto tempo demorou para aprender a lançar a bola direito?
Catullo: Bom.. lançar ela com espiral não demorou tanto, mas como a unica intenção era essa, o movimento ficou todo feio... ai quando decidi virar QB, tive que começar a tentar consertar a mecanica, ou seja, direito MESMO, estou trabalhando até hoje
TC: Você sempre jogou de QB então?
Catullo: Pois é, não foi sempre assim... Na primeira seletiva eu quis ser RB, tanto por achar que era mais minha cara, como também por achar que eu não era alto suficiente pra WR... Ou que eu nao manjava tanto pra ser QB, e de certa forma eu estava certo. Mas como os times eram tão novos quanto minha experiencia, eu logo vi que a vida tentando interceptar seria mais fácil do que a vida tentando pontuar, e resolvi virar safety, onde tive bem mais sucesso... Depois em times mais "fortes" resolvi virar RB/WR de novo
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| Equipe do Rhynos em ação em um jogo de Flag. |
TC: E como veio a adaptação?
Catullo: adaptação para QB voce diz?
TC: Sim, exatamente.
Catullo: A adaptação foi mais fácil do que eu imaginava. Talvez por já ter jogado tanto de RB como de WR, eu sabia mais ou menos o que as posições necessitavam mais, ou no que era mais possivel fazer.. Bom: eu conhecia melhor o ataque. E podia tirar proveito da temporada inteira jogando de safety. Eu tinha uma noção do que se passava na cabeça do safety, então pelo menos um confronto contra a defesa eu poderia tirar proveito. O grande problema mesmo foi se acostumar com o fato de ter gente querendo me sacar e essas coisas, mas em um mes de treino isso virou natural.
TC: Sacar no sentido de retirar ou de sack?
Catullo: Sim, de sack mesmo.
TC: Sendo QB você naturalmente sofre mais assédio das meninas? (risos)
Catullo:Nenhum pouco, mesmo! (risos). Se elas souberem o que é FA já é um grande avanço, imagina o que é QB.
TC: E como conciliar estudos e futebol americano? Os treinos não atrapalham o colégio?
Catullo: No colégio, a conciliação era fácil.. o futebol americano ganhava tranquilamente todas as semanas. Mas agora com cursinho o futebol americano realmente fica só para o fim de semana.. Nunca chegou a atrapalhar realmente, o máximo era um desinteresse pela aula para pensar em algo interessante que aconteceu no fim de semana passado (risos).
TC: Tá prestando o quê de faculdade? E se passar, como fica o FA?
Catullo: Prestando Publicidade na USP... se tudo der certo e eu passar, espero que o FA volte a ser como era no colégio, em que eu com certeza tinha que estudar menos do que estou estudando esse ano, mas largar vai ser bem dificil.
TC: Como são os treinos? Foca-se mais no físico ou no técnico?
Catullo: Os treinos com certeza são mais voltados para o técnico. É um pouco da herança do brasileiro no esporte eu acho... o físico é muito importante pro FA, mas muitas vezes acaba tendo que ser praticado só pela vontade do individuo numa academia, ou algum lugar que ele possa fazer coisas focadas pro esporte...
TC: Até porque são quantos treinos por semana? Apenas um?
Catullo: Exatamente, é justamente esse o ponto. Em um treino só, o físico não adiantaria tanto, fica pelo esforço individual fora dos treinos, mas isso nem sempre acontece. Acho que um time que consiga ter essa preparação com certeza vai estar um passo a frente.
TC: Qual foi a jogada mais memorável da sua vida?
Catullo: Nossa, acho que é uma que lembrarei para sempre. Foi com as pernas - e não lançando. Um TD corrido de endzone a endzone, no Campeonato Paulista de Flag neste ano. Eu não fazia ideia que correr o campo todo cansava daquele jeito... Já estava no final do jogo e teve até que entrar o backup.
TC: Como você se vê no FA daqui 5 anos? E como vê o Rhynos e o FA Brasileiro em geral?
Catullo: Hm... difícil
TC: Responde o que vier na telha!
Catullo: Eu realmente não sei se vou conseguir sair dessa vida de FA. Cinco anos é bastante tempo, por mais que seja algo só de final de semana. Acho que de duas uma: Ou tomo o caminho de tornar esse hobby algo sério ou tangencio o esporte. Acho que o mesmo vale para o Rhynos e o FA no Brasil: Ou os times ganham certo apoio e influência e deixam de ser times de final de semana em campeonatos de final de semana... Ou vão tangenciar a vida das pessoas para sempre.
TC: Para terminar, alguma mensagem especial? Um beijo pra patroa, um salve pro técnico? (risos)
Catullo: Só queria agradecer pelo convite, fui pego de surpresa. Além disso, mandar um abraço para o pessoal do Rhynos, que deve ter bastante gente que acompanha o blog. Parabenizo também o site, é muito bom mesmo, está um passo a frente! E o beijo pra patroa só pra desencargo!
TC: Nós é que agradecemos! Aproveitando para ilustrar ao leitor com um vídeo de um TD do Catullo. veja AQUI.
Bom, pessoal, é isso. Espero que tenham gostado de mais um dos poucos [ENTREVISTA] que fazemos! Se você conhece alguma personalidade do Futebol Americano e queira que ela seja entrevistada, fale para ela entrar em contato conosco por meio do e-mail "contato@theconcussion.com".
Lembrando, claro, que não temos nenhuma afiliação com o Guarulhos Rhynos Futebol Americano. Caso você queira que sua equipe seja divulgada aqui por nós, entre em contato pelo mesmo e-mail!
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até curiosidades históricas das mesmas.
