>> Por AC, Editor Chefe The Concussion
OK, mais um texto no qual piso em ovos. Mas, desta vez, o número de haters deve ser menor, uma vez que possivelmente poucas pessoas devem ser fervorosas defensoras do Sistema de Bowls da NCAA.
Na última semana o The Concussion explicou como funciona o complicadíssimo método pelo qual o campeão da NCAA é escolhido. Provavelmente poucos dos que leem este texto agora sabiam como a porra toda funcionava. Em poucas palavras: o sistema é burocrático, idiota e arcaico. Palavras duras, eu sei - da mesma forma que virão palavras dizendo que eu não entendo nada de futebol americano.
Para você que acha isso ao ler este texto, sugiro que pegue um power ranking neste momento de qualquer site para que possamos raciocinar juntos. Não, melhor ainda, eu poupo você desse trabalho. Tá aqui, ó: http://espn.go.com/nfl/powerrankings . Esse é um dos Power Rankings mais conceituados dos Estados Unidos. Nele, as duas melhores equipes elencadas se a temporada acabasse hoje são, respectivamente, o Packers e o Saints.
Se a NFL funcionasse como a NCAA, ao invés de termos os incríveis playoffs, teríamos o NFL Bowl no qual Packers e Saints jogariam só porque um ranking feito por jornalistas assim determinou. Sim. O 49ers que ontem demonstrou sua força defensiva chance alguma teria de ser campeão. Muito menos os Patriots, campeões de uma divisão (equivalente às conferências da NCAA). Em suma: você consegue imaginar 30 jogos sem significado algum em janeiro e um deles, aleatoriamente e sem critérios objetivos, fosse designado como campeonato nacional? Eu não.
Aí vem o primeiro e imediato argumento contra: "Ah, mas é NCAA! São centenas de faculdades espalhadas pelos Estados Unidos! Como vai fazer um playoff? As equipes terão que jogar mais jogos! :O"
Para isso eu tenho uma resposta imediata: March Madness. O playoff de basquete universitário - que possuí uma audiência absurda nos EUA - no qual 64 equipes duelam pelo título nacional. Isso sim é representativo e faz algum sentido.
Outro argumento: Ah, mas o sistema do BCS faz com que times "bolha" como Houston e Hawaii, por exemplo, não possam vencer o campeonato - o que é muito justo, já que seus schedules são absurdamente mais fáceis". Eu sinceramente não entendo esse argumento. Qual a lógica de não dar a chance para uma equipe que venceu todas suas partidas? Nenhuma. Ao menos uma chance eles tem que ter.
A solução, pois, veio do renomado Walter Cherepinsky, jornalista que possui um site com seu próprio nome. Num artigo fazendo referência à imagem que você vê ilustrando este artigo, Walter sugere que haja um Playoff com 16 equipes: 11 campeões de conferência + 5 melhores não campeões.
Hum. A idéia é sensacional, não é? Na verdade é muito boa. Um playoff de NCAA movimentaria muita audiência nos Estados Unidos. Aliás, não só lá, aqui também por certo. Você, então, nobre leitor de The Concussion, me pergunta: Por que esse método não é aplicado? Simples. Dinheiro.
Os Bowls continuam sendo o método pelo qual o campeão nacional é escolhido pelo fato de que... dá dinheiro. Como o colega dono do blog NCAA Brasil postou hoje no Twitter, os maiores Bowls (BCS Championship. Fiesta, Rose, Sugar, Orange) pagam 17 milhões de dólares a cada um de seus participantes. O Bowl mais ralé, R+L Carriers New Orleans Bowl dá R$ 325 mil reais a seus participantes. Participantes estes, Louisiana-Lafayette e San Diego State, que não ganhariam absolutamente nenhum centavo com Playoffs. Até porque não estariam neles.
Assim sendo, esses trinta e tantos jogos ao redor dos Estados Unidos no final de dezembro e início de janeiro servem para monetizar as universidades americanas. Esse é o fator preponderante. É por isso que os Bowls ainda existem - não porque o BCS é um método revolucionário de afunilamento.
Essa, obviamente, é a minha opinião. Opinião esta que está ao lado de grandes jornalistas que não tem o rabo preso nos EUA - como o próprio Walter, o qual me doutrinou neste assunto. Vocês podem ter a de vocês, claro. Vocês devem ter a de vocês.
Eu quero que vocês deem sua opinião.
Para tanto, resolvi ir a alguns amigos fãs de Futebol Americano no meu Facebook - não vou revelar suas identidades, claro - e perguntei:
"O que você acha do Sistema de Bowls da NCAA - sobretudo o fato de haver 30 jogos e um deles, determinado por um ranking de jornalistas, escolher os times da final?"
"O que você acha do Sistema de Bowls da NCAA - sobretudo o fato de haver 30 jogos e um deles, determinado por um ranking de jornalistas, escolher os times da final?"
Eis as respostas:
"Playoff > Vida. Mas tem a questão cultural".
Outra resposta, vinda de um cara que vive o Futebol Americano no Brasil e sabe as dificuldades de angariar dinheiro para a prática dos esportes:
" Cara, eu odeio NCAA. Mas acho que é um excelente modo de levantar grana. Cada bowl tende a virar tradição e as empresas tendem a investir neles. Temos também os Bowls regados a orgulho, como aquele que tem as forças armadas. Com os dois colégios de cadetes uniformizados na torcida. Ou o Rose Bowl, que é histórico e levanta uma grana absurda".
Por fim, numa opinião de um amigo meu que outrora fora chamado de anta pelo grande Ivan Zimmermann:
"Ah, isso é patifaria. Não representa nada. Pior que eleição para o Diretório Central dos Estudantes da USP".
Chegamos, então, à conclusão deste ensaio: por mais que os renomados jornalistas americanos esperneiem ou eu, um reles e mortal idiota que escrevo de graça para você se entreter fale e refale, os Bowls continuarão a ser como são. Isso não vai mudar. Os Bowls são uma questão cultural nos Estados Unidos. Há lugares do referido país onde o FA universitário é mais popular que a própria NFL - sobretudo pela ausência de uma franquia para torcer. Como exemplo, cito o Estado do Kentucky.
É ruim? Sim. É arcaico? Sim. É grotesco? Possivelmente. Mas é o sistema da NCAA. Não vai mudar porque possuí raízes profundas. E o sistema, nesse caso, se auto-alimenta - visto que a grana que entra para as Universidades através dos Bowls é absurda.
Lamentando ou não, o campeão nacional virá em janeiro através de um ranking. E que vença o melhor - ou o quase melhor e que tem um schedule difícil.
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