Falemos de uma coisa que não se via antes: Super Bowls competitivos. Acredito que o melhor fruto do Salary Cap seja este. Vamos à recapitulação:
* Nos anos 60 tivemos o Packers ownando.
* Nos anos 70 o Steelers destruindo. A final da AFC era praticamente a real final.
* Nos anos 80, 49ers, Bears e Giants. Isso sem contar nos massacres levados pelo Broncos.
* Nos anos 90 o Cowboys no início da década e no final desta o Broncos.
Ou seja: o Super Bowl realmente merecia a alcunha de Super Boring (algo como Super Chato). A NFC dominou da metade da década de 80 até o Broncos vencer em 97, só para termos um dado comparativo.
Na década de 2000, entretanto, tudo mudou. Com o Salary Cap as coisas ficaram mais competitivas. As regras que deixaram o jogo aéreo a arma principal dos ataques fizeram com que tudo pudesse ser decidido em uma jogada. E foi.
O primeiro Super Bowl da década (se considerarmos que o jogo, embora tenha sido da temporada 99, foi realizado em 2000) teve um tackle na linha de 1 yd. Depois houve o Ravens com Dilfer under center (o que por si só já é incrível) destruindo o Giants. No ano seguinte o mundo viu Tom Brady. Noutro o último Super Bowl tediante que se tem notícia, o Pirate Bowl entre Bucs e Raiders.
Dali pra frente só jogo bom. Quem não se lembra do retorno para TD de Devin Hester? Ou da última jogada do Super Bowl XLV? Só que dois jogos em especial merecem destaque. Super Bowl XLII e XLIII.
Essa história todo mundo já sabe. 18-0, Perfect Season, etc, etc. Aí chega o "Manning Pobre" num Giants que veio aos trancos e barrancos nos POs, vencendo todos os jogos fora de casa. Bucs, Cowboys e a interceptação no último passe de Favre como um Packer.
Brady fez a lição de casa. Tá certo, ele apanhou que nem mulher de malandro. Mas no último drive da partida tava 14 a 10 para o Patriots, a defesa só precisava fazer seu trabalho. Fez. Pela metade. Samuel dropando interceptação. E a melhor jogada da história do SB, Manning to Tyree. Quem diria que aquele QB que era derrubado até por uma brisa mais forte sairia daquela pressão e, ao avistar uma camisa branca down field produziria aquela jogada? Quem diria que um WR praticamente bloqueador iria fazer um catch daqueles com o capacete? Ninguém. A emoção foi forte. O underdog venceu e o Dolphins de 72 continua na ilha dos invictos.
E quando pensávamos que nenhum Super Bowl seria melhor vimos em Tampa retorno para interceptação de 100 e tantas jardas. Vimos Fitzgerald correndo no meio do campo até chegar à end zone. Mas, acima de tudo, vimos Kurt Warner. Eu sou muito fã dele, confesso. É um homem humilde. Adversidade não é nada para ele. Antes de brilhar no Rams foi balconista de supermercado. Foi QB da Arena Football League. Foi 4784834o reserva no Rams. Aí ele vai pro Giants que escolhe Phillip Rivers (depois rola a troca com Manning) no 1st round. E agora? Deu meia temporada ele foi pra reserva. Em Arizona, anos depois, consegue a posição de starter. Só sai dali aposentado.
Não vou comentar sobre o último drive da partida. Só comento que vi um dos jogos mais emocionantes da minha vida ao lado de um torcedor do Steelers. Ambos bêbados.
Super Bowl agora é surpresa. Super Bowl agora é super mesmo. Não sabemos o quê esperar. Ambas as equipes vão mitar. Essa foi uma das melhores coisas da década de 2000.
The Concussion é um site e blog de Futebol Americano que
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