>> 17 de Abril de 1999. O Draft da NFL estava prestes a começar. Todos que se faziam presentes, só sabiam falar um nome: Ricky Williams. O até então running back do Texas era considerado o jogador mais talentoso da classe. Porém, o Philadelphia Eagles necessitava de um franchise QB e abdicou de reforçar seu backfield com um Longhorn e escolheu Donovan McNabb, a estrela brilhante da crítica pessoal. Nesse momento, uma das carreiras mais conturbadas da ultima década estava começando.
O recordista de Touchdowns da história da Big East foi intensamente vaiado ao receber a camisa do seu novo time. E essas vaias tinham fundamento. Por melhor que tenham sido seus números em Syracuse, nenhum quarterback negro tinha se concretizado na liga (com a rara exceção de Warren Moon). Além disso, o camisa 5 tinha nítidos problemas de footwork. Mesmo assim era um grande prospect e visto por muitos como a solução para os verdes de Philly.
McNabb teve o azar de começar na NFL ao mesmo tempo do crescimento da internet. A cada dia, novos sites sobre futebol americano eram criados, com bases distintas. Porém, o ex-orange era o foco nas férias da bola oval norte americana. Todos tinham expectativas e receio. McNabb entrou na história antes de entrar em campo. Ninguém sabia se era por causa do seu talento, ou da sua raça, mas era notório que um legado estava começando.
E esse legado começou numa derrota humilhante dentro de casa, onde Donovan conectou seu primeiro touchdown para Chad Lewis. A primeira temporada não foi das melhores para um promissor calouro, que só teve a oportunidade de começar 6 jogos - se machucando na week 16. As críticas voltaram a aparecer, mas ele estava pronto para eliminá-las. Já em 2000, tudo deu certo para McNabb. Fazendo uma temporada fantástica, McNabb levou o Eagles para os playoffs depois de 5 anos, conseguindo uma vitória e sendo eleito o segundo jogador mais valioso da temporada - liderando a marca de Touchdowns passados no ano.
Um ano depois o Eagles chegou à final da NFC, sobre a batuta do criticado. Após perder alguns jogos com problemas no tornozelo, o camisa 5 viu a oportunidade de chegar ao superbowl escapar contra a forte Tampa 2. Um ano depois, McNabb teria mais uma chance. Entretanto, um forte tackle o tirou da final da divisão e o sonho do superbowl caiu por água abaixo mais uma vez.
Com 3 temporadas fantásticas consecutivas alcançando o status de Pro-Bowler, McNabb recebeu uma das críticas mais pesadas já feitas pela ESPN, oriundas do comentarista Rush Limbaugh, que o definiu como superestimado e que todos os elogios ao quarterback era devido a preocupação social que a NFL tinha por ele ser negro.
McNabb sempre teve o poder de sair do céu e chegar no inferno durante um snap. E em 2004, não seria diferente. Na melhor temporada de sua carreira, o compacto jogador de 1,88m e 109kg, conseguiu liderar sua franquia a uma inédita ida ao Super Bowl, onde fariam frente a Tom Brady, Bill Belichick e a dinastia Patriota. Num fantástico jogo, os Patriots conseguiram a vitória com todos os méritos, mas a culpa caiu sobre o quarterback logo após o jogo, pois Terrell Owens, que tinha um grande entrosamento com Donovan dentro de campo e problemas pessoais fora, revelou que Donovan teve problemas para comandar o drive decisivo, pois estava nervoso e não conseguia chamar as jogadas, que foram orquestradas pelo lendário camisa 81 no two minute drill.
Essa revelação fez que toda a offseason fosse ornamentada de criticas para o franchise player de Phily, que teve um tumor que o fez perder metade da temporada de 2005. Já em 2006, como de praxe, mais uma lesão, agora na week 11, onde os ligamentos cruzados do seu joelho se romperam e mais um final de temporada foi perdido, deixando o Eagles com 5-4.
Com todos esses problemas físico-psicológicos, a resposta do Eagles se chamou Kevin Kolb. O quarterback formado pelo ineficiente esquema de Houston foi draftado para ser o titular da posição, pois ninguém sabia do futuro que melhor quarterback negro da história da liga, que pediu um time a sua altura para a temporada de 2008, pelo seu blog. E com esses playmakers, e nitidamente mais forte fisicamente, McNabb chegou a sua quinta final de conferência nacional provando que tinha renascido das cinzas, entretanto, obteve sua quarta derrota, dessa vez para o ataque sensação liderado por Kurt Warner, em Arizona.
Após mais uma derrota, as críticas voltaram em peso, e junto disso, Michael Vick recebeu mais uma chance para a vida, pelo Eagles. Com isso, Donovan percebia que estava perdendo espaço e pediu mais um voto de confiança, que foi concedido, mas rapidamente tirado após a derrota para o grande rival no wildcard de 2009. Essa derrota parecia ser o fim da linha para o ex Syracuse em Philadelphia.
Parecia e foi. McNabb foi trocado para o maior rival, Washington Redskins. Uma temporada depois, foi parar no Vikings. Hoje, está parado em casa. Não preciso comentar sobre o trágico final do melhor quarterback que o Eagles já teve, mas sim, que sua carreira sempre foi marcada por criticas e por um pesado ostracismo de elogios, abaixando ainda mais sua auto-estima e motivação, que foi o seu maior problema desde o college. McNabb está marcado na história da NFL, não pelo que fez dentro de campo, e sim, por absorver (e sofrer na pele) a nova forma de como os jogadores começaram a ser cobertos.
The Concussion é um site e blog de Futebol Americano que
abrange desde a cobertura da temporada da NCAA e da NFL
até curiosidades históricas das mesmas.
