Imagine só, voce é um jogador aposentado e quando relembra sua carreira, lembra dos tempos em que defendeu as cores de um time na Arena Football League, ou ainda quando jogava na NFL Europa. Certamente você iria achar que era um jogador frustrado, ruim, no mínimo, e que provavelmente não fez muita coisa. Provavelmente voce estaria certo se voce não fosse o tema da [BIO] de hoje, o grande Kurt Warner.
Vindo de Northern Iowa, Warner passou despercebido no draft de 1994. No mesmo ano, foi chamado para fazer testes no training camp do Green Bay Packers, entretanto foi rapidamente cortado, pois disputava posição com Mark Brunell, o vencedor do Heisman Ty Detmer e Brett Favre. Steve Mariucci, o até então coordenador ofensivo da franquia de Winconsin relatou que o ex Panther tinha muito talento, mas era algo muito bruto para a NFL no momento.
Parecia mais um caso normal nos esportes americanos. Jogadores que só duram enquanto são universitários. Só que diferentemente do que muitos pensam, atletas de college não recebem salários e quando terminam sua passagem, precisam se sustentar. E com essa necessidade de subsistência, o tortuoso caminho do camisa 13 começa. Recebendo 5 dolares por hora, Kurt se tornou empacotador de supermercado. A história poderia acabar aqui, mas como sempre é escrito certo por linhas tortas, Warner conheceu sua esposa Brenda e, abruptamente, se converteu religioso. A fé move montanhas, dizem.
Mas os “ Deuses do Football “ entraram em ação e geraram uma chance ainda em Iowa, mas para jogar a AFL, liga inferior de futebol americano. Com seu notório talento, se destacou rapidamente e recebeu outra oportunidade para voltar a NFL pelo Chicago Bears, mas uma picada de aranha no cotovelo o impediu. Sim, picada de aranha. Mas ele receberia outra oportunidade.
Acalmem-se, leitores. Ainda estamos em 1998 e aqui sim, tudo vai começar. Após receber uma chance do St Louis Rams, Warner fica um ano na sideline como backup e como já aconteceu inúmeras vezes na liga, uma lesão altera o rumo de uma franquia. Antes de Drew Bledsoe mudar a história dos Patriots, Trent Green fez o mesmo com uma ruptura de ligamento no joelho. Com isso, Warner recebe a oportunidade de ser starter e faz uma fantástica temporada, sob o comando de Mike Martz e tendo Marshall Faulk e Isaac Bruce com pilares de sustentação do “ Greatest show on Turf “. Eleito MVP da temporada regular, Warner levou o Rams a conquista do Super Bowl XXXIV, passando 2 touchdowns e alcançando o recorde momentâneo de 414 jardas, incluindo o decidido passe de 73 jardas que terminou na endzone, nas mãos de Isaac Bruce.
Tudo dava certo na promissora carreira de Kurt. Recordes eram alcançados, mas ao quebrar a mão no meio da temporada seguinte, Warner teve que esperar uma temporada para voltar ao status de starter. Além de starter, voltou a ser MVP, na temporada de 2001, chegando novamente ao big game. Porém, uma interceptação começava a mudar sua carreira, que seria retornada e posicionada para Adam Vinatieri dar o primeiro anel a Tom Brady.
Sim, começava a mudar sua carreira e terminar seu legado em St Louis. Após inúmeras lesões e um péssimo nivel de jogo, ele foi substituído por Marc Bulger e logo depois dispensado. Parecia que a grande estrela recente da NFL começava a ficar decadente e podia ser apenas um bom backup e mentor de algum calouro, pois já estava com 33 anos. Eli Manning e Matt Leinart tiveram oportunidade de aprender com ex MVP da liga, mas parece que só o guri de Ole Miss aprendeu.
Vamos para 2008, onde tudo muda novamente. Após ser listado como titular no lugar de Leinart, Warner comanda os Cardinals para um incrível 8-8 e chega à postseason. Com vitórias que todos duvidavam que aconteceriam sobre Falcons, Panthers e Eagles, Warner volta pela terceira vez para o Super Bowl, desta vez formando uma das tríades mais prolíficas da década com Fitzgerald e Anquan Boldin. O maior ídolo da história do Cardinals faz um segundo tempo fantástico e deixa a franquia do deserto próxima da vitória, mas o destino quis que o titulo fosse para Pittsburgh, com mais uma interceptação crucial do atleta biografado hoje.
Em 2009, mais uma ótima temporada, mas paremos por aqui. Kurt Warner se aposenta em 2010 e é considerado o nonagésimo maior jogador da história da NFL. Warner estará para sempre na história da liga, mais pelo que fez na vida do que fez em campo. Seu legado é algo fora do comum, pois por todas as situações adversas que enfrentou, conseguiu persuadir a vida e por pior que estivesse, sempre pensou no próximo, não obstante se era seu companheiro de ataque ou crianças carentes, que ele adotou e depois criou uma fundação para outras. Warner não fez uma história de football, e sim, uma história de vida.
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